O conceito de que os bancos de imagens são tediosos já está um pouco ultrapassado. Nos últimos 10 anos, a indústria de fotografia de banco de imagem passou por grandes transformações e hoje, as bibliotecas apresentam conteúdos  mais diversificados, autênticos e criativos.

Nadia Snopek, uma ilustradora de micro banco de imagem e freelancer, que nasceu na Sibéria, está entre os autores da Depositphotos que contribuíram e muito para essa transformação. Seu portfólio é focado na representação da diversidade e os estilos de vida modernos, mostrando a realidade relevante e importante na nossa sociedade contemporânea com as suas encantadoras ilustrações.

Nadia tem a sua própria abordagem para trabalhar com bancos de imagem, e sabe o que é necessário para que seus projetos sejam apresentados nos portais mais renomados como Guardian, Independent, Washington Post, Wired, Vogue, Cosmopolitan, Forbes e GQ. Leia sobre a história de Nadia e descubra mais sobre a sua rotina criativa, sobre sua paixão por ilustração e sobre seu fluxo de trabalho.

Nadia Snopek Interview

 

Ilustração tem sido a minha paixão desde sempre

Eu nasci na Sibéria, mas passei algum tempo em Moscou, na Polônia, em Berlim e na Califórnia. Eu trabalho como ilustradora de micro banco de imagem e como freelancer. Ilustração tem sido minha paixão desde sempre, mas não foi um caminho totalmente reto. Por exemplo, eu me formei em Administração pública e cheguei a trabalhar como funcionária pública por um ano. E aquela foi uma experiência que abriu meus olhos: a vida pode ser bem irritante quando você odeia o seu trabalho e seu trabalho também te odeia.

Saí do trabalho depois de exatamente um ano (meu primeiro e meu último dia de trabalho foi no dia de São Valentim), e me mudei para Moscou. Tentei trabalhar como ilustradora por lá, mas Moscou reservava outros planos para mim.

A vida pode ser bem irritante quando você odeia seu trabalho e seu trabalho também te odeia.

Depois de seis meses trabalhando como ilustradora, finalmente me encontrei no escritório dos meus sonhos – uma editora de criação digital sobre indústrias criativas, tecnologias, estilo de vida urbano, novo feminismo e juventude. Cada pessoa lá era criativa, talentosa e carismática. Mas, minhas funções não eram no setor criativo. Eu era gerente de vendas de publicidade. Porém, esse cargo me preparou para a minha futura carreira nas artes, moldando meu campo de interesse e me ajudando a lidar da melhor maneira com o maior medo de um jovem ilustrador: negociações comerciais com clientes reais.

diverse group of female characters wearing different outfits stock illustration

Eu ainda estaria trabalhando lá, mas depois de dois anos, surgiu uma nova razão na minha vida. Em dezembro, antes de 2016, meu (futuro) marido disse por acaso: “Olha, nosso contrato de aluguel vai expirar em breve. Devemos encontrar um novo lugar em algum outro país?”. Eu disse que sim e fiquei desempregada, mas muito confiante quanto ao meu futuro: a hora de me tornar uma ilustradora está chegando.

 

Como eu me tornei contribuidora das plataformas de banco de imagem. 

A primeira vez que tentei contribuir foi em 2013, naquela época o meu portfólio tinha 30 arquivos vetoriais. O que me rendeu dinheiro suficiente para comprar um par de tênis uma vez ou duas por ano. Em 2016, depois que fiquei desempregada, decidi fazer dos bancos de imagem meu emprego de tempo integral.

Eu me lembro da conversa que tive com meu marido em uma pizzaria:

“Eu realmente quero tentar investir mais tempo nos bancos de imagem. Eu já ganhei 30 dólares este mês!”

Ele respondeu: “Você tem o meu apoio total, mas vamos definir um prazo. Você faz esse experimento em seis meses, se em meio ano você puder ganhar, digamos, o nosso aluguel mensal, podemos considerar que foi um sucesso.”

E eu disse: “Parece ilusório, estou triste!”

millennial lifestyle stock illustration

Significou muito para mim, tive seis meses para tentar e falhar. Não vou manter suspense: o experimento teve um ótimo resultado. O lucro foi duas vezes maior do que havíamos proposto.

 

Sobre abordagem e fluxo de trabalho com ilustração em bancos de imagem

O estilo que trabalho é bem comum, mas o que difere é a minha abordagem para encontrar tópicos. Eu passo muito tempo pesquisando por tendências e meu foco principal são estudos sociais, ética contemporânea, cultura moderna e novas tecnologias. Embora eu goste dos ilustradores com estilo reconhecível, tenho em mente que uma combinação poderosa para uma ilustração de banco de imagem é um estilo flexível e uma boa pesquisa por tendências.

Eu chamo a minha abordagem de Lego. Ao longo do tempo, eu construi uma coleção bem grande de personagens, suas posições e objetos diferentes, que combinam entre si como peças de Lego. Isso me economiza bastante tempo, e eu posso me dedicar nas buscas de tendências.

Uma combinação poderosa para uma ilustração de banco de imagem é um estilo flexível e uma boa pesquisa por tendências.

Também aplico a minha abordagem na parte mais entediante de todas, que é escrever palavras-chave e descrições dos arquivos. Eu faço um banco de dados de arquivos para poder acessar e reciclar facilmente minhas atribuições dos arquivos anteriores. Também uso ferramentas de palavras-chave on-line, mas a parte manual ainda é importante, porque mesmo a IA mais avançada não sugere palavras-chave específicas como por exemplo “Geração Z” “licença maternidade” ou “cultura do cancelamento”

modern coffeeshop stock illustration

 

Onde encontrar inspiração para temas e conceitos de ilustração 

As mídias sociais são fontes infinitas de temas. A minha mídia social favorita é o TikTok. Há uma opinião comum, e bastante convencida, de que o TikTok é apenas uma lata de lixo com desafios de dança e com guaxinins tomando banho. Mas, vamos ser sinceros: desafios de dança são legais.

Se algo for marcado como tópico quente no TikTok, Twitter ou Instagram hoje, existe uma grande possibilidade de haver um artigo sobre isso amanhã.

De um ponto de vista mais sério, durante os protestos do Black Lives Matter (BLM), o conteúdo no TikTok era muito mais envolvente e diversificado do que em qualquer outra plataforma. O algoritmo dessa plataforma oferece um ângulo mais amplo, mostrando vídeos de usuários nos quais você não está familiarizado, diferente do Facebook ou do Instagram que te mantêm em sua bolha social aconchegante. Existe uma tonelada de conteúdo político, social, científico e tecnológico de primeira mão no TikTok. E é claro, guaxinins tomando banho.

Os grandes meios de comunicação produzem bastante conteúdo diariamente e compram muitas fotografias de banco de imagem para ilustrar o conteúdo. Existe um jeito de prever o tipo de imagem que irão precisar no futuro. Os ciclos das publicações são bem curtos atualmente, mas não tão rápidos quanto a circulação da informação nas redes sociais. Se algo for marcado como tópico quente no TikTok, Twitter ou Instagram hoje, existe uma grande possibilidade de haver um artigo sobre isso amanhã.

Black community stock illustration

 

O que ajuda um artista a desenvolver uma visão mais ampla do mundo

Lembra dos supermercados que têm no seu mostruário, chaveiros com diferentes nomes escritos neles? Quando eu era criança, estava sempre procurando pelo meu nome e sempre ficava um pouco chateada quando não encontrava. Não é que eu quisesse aquele chaveiro (eles eram bem feios por sinal), eu só queria encontrar o meu nome. Todo mundo quer. É assim que explico aos meus amigos e familiares mais velhos a obsessão de nossa geração sobre diversidade e inclusão.

Esse é um dos princípios pelos quais sou guiada ao criar as ilustrações. Todos querem ser incluídos. Se você desenhar uma mão segurando um smartphone, ela não precisa necessariamente ser banca. Casais LGBTQ+ também compram carros familiares. Por exemplo, o formato do corpo curvilíneo é ótimo para ilustrar jeans de cintura alta.

 

98% do tempo eu realmente gosto de ser uma ilustradora digital

Ser uma ilustradora parece mais como se estivesse jogando um jogo de meditação de computador do que realizando tarefas do trabalho. Os outros 2% são os casos em que a experiência digital deixa de ser incessante: coisas como “seu disco de inicialização está quase cheio”, “seu software precisa ser atualizado”, “sua bateria está fraca”, “sua assinatura expirou”. Minha implicância favorita é o ícone do iTunes que surge na parte inferior da tela uma vez por mês.

Além de fazer desenhos reais, os ilustradores freelancers passam a maior parte do tempo em videochamadas, e-mails e papeladas. Na maioria dos casos, a relação entre o ilustrador e o cliente é amigável e informal, mas ainda existe a etiqueta empresarial. Usamos muitas frases como “conforme meu último e-mail” e “espero que seu fim de semana tenha corrido bem” entre outras.

A portrait of a modern young lady wearing a hijab stock illustration

Uma vez, eu estava trabalhando em um projeto e depois que entreguei os arquivos finais, recebi uma mensagem do cliente que dizia: “Você é incrível pra *******! Fim de papo.”

Se você já se perguntou que tipo de feedback um ilustrador realmente precisa, agora você já sabe!

 

Como os feedbacks dos clientes ajudam a aprimorar suas habilidades de ilustração

O mecanismo dos micro bancos de imagem não implica qualquer comunicação entre o artista e o cliente. Os clientes compram o seu trabalho on-line usando o site. Mas, eu entro em contato com as pessoas que usam minhas ilustrações por conta das especificidades do meu trabalho. Cubro temas pouco representados, como diversidade cultural e étnica, vida da comunidade LGBTQ+, diferentes tipos de deficiência entre outros. Parece que nem sempre sei como retratá-los da melhor forma, mas sempre tenho ajuda.

Uma vez, por exemplo, eu recebi um e-mail bem amigável, com um conselho para mudar um dos meus personagens transgêneros. Meu personagem estava usando vestido e tinha barba. Na minha cabeça: “essa metáfora dá uma compreensão clara de que o personagem é uma pessoa trans”. Mas a lógica por trás dessa ilustração deveria ser: “essa metáfora é ofensiva para a comunidade transgênero?”. Obviamente, sim. A melhor maneira de retratar uma pessoa trans é exibir seu gênero preferido, não aquele que o foi atribuído ao nascer. Ou é vestido ou é barba, nunca juntos.

A set of Asian male characters wearing different outfits: stock illustration

Outro e-mail que recebi foi sobre a maneira como desenhei olhos asiáticos: a ilustração era plana e simples, então eu usei duas varetas horizontais. Claro, minha intenção não era ofender ninguém, mas, ao que parece, essa forma que retratei os asiáticos cai em uma história muito específica de ilustração anti-asiáticas retrógradas. E o autor do e-mail incluiu também uma lista com exemplos de como desenhar olhos asiáticos em novas maneiras e de uma forma mais respeitosa.

Eu gosto muito desses tipos de feedbacks, eles me ajudam a identificar e a filtrar estereótipos pejorativos que tenho sobre as culturas nas quais eu não estou realmente familiarizado.

 

O melhor conselho que já me foi dado

Este conselho foi me dado anos atrás por um amigo que sempre acreditou no meu potencial como ilustradora comercial. Naquela época, eu desenhava imagens raster. Ele me deu um projeto e disse:

“Aprenda arte vetorial. Ninguém precisa mais de raster. Você tem uma semana para aprender ”.

Eu chorei, assisti tutoriais, chorei de novo e depois aprendi.

Este conselho pode ser bastante questionável. Claro, a ilustração raster é o próximo nível.

Mas para a indústria de banco de imagem, ser freelancer de design gráfico e de animação, é crucial aprender a desenhar arte vetorial. É o que é.

Young indian male character reading a book stock illustration

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Um pequeno resumo do blog depositphotos