O Melhor Amigo do Homem em Foco: Entrevista com Sophie Gamand
Pit Bulls e flores – uma combinação interessante que acaba com os estereótipos bobos. Olhando para o trabalho de Sophie Gamand, você não consegue evitar sorrir. O melhor amigo do homem no foco de todas as fotos; eles estão fofos, transformados e simplesmente adoráveis enquanto ficam posando pacientemente para a foto perfeita.
É um prazer introduzir a artista por trás dessas fotografias verdadeiras e artísticas. Sophie Gamand introduz uma nova leitura sobre a fotografia canina, e aqui está um pouco de seu trabalho para uma ótima causa:
Conte um pouco sobre você e a sua história com a fotografia de animais de estimação.
Comecei a fotografar em abrigos animais em 2010 depois de me mudar da Europa para Nova York e descobrir o número enorme de cães que são abandonados todos os anos. Aos poucos, se tornou um trabalho em tempo integral. Eu fotografo abrigos animais de graça, e me sustento vendendo gravuras, mercadorias e trabalhando com empresas que compartilham a mesma paixão por ajudar cães desabrigados e em parte pela minha conta bem sucedida do Instagram, onde compartilho todas as histórias de meus modelos.
Você transformou a fotografia de animais de estimação em uma forma de arte. Como você define sua abordagem com tipo de foto?
Na verdade não me considero fotógrafa de animais de estimação. Me vejo como uma artista / defensora que usa a fotografia como meio de comunicação.Talvez seja por isso que meu trabalho é diferente. Por meio dos cães, são os humanos que tento entender melhor. Trabalhar com abrigos animais é muito inspirador e desafiador. Vejo esses cachorros destroçados, abusados e descartados como minhas musas, e fico com eles por quase todos os meus projetos, mesmo quando estou fotografando para a Free People, Vogue ou Samsung.
Trabalhar com cães é uma tarefa difícil, eles com certeza não seguem ordens como os humanos. Como são seus ensaios fotográficos?
Na realidade, acredito que cachorros são melhores ouvintes! Não é preciso muito esforço para que eles compreendam o que você espera deles. Eles são altamente sensíveis, criaturas inteligentes e com vontade de agradar, adoram ser guiados. Não preciso falar muito, o que torna mais fácil do que trabalhar com humanos. Com humanos, a linguagem sempre é um obstáculo (inglês não é minha língua materna).
Como você encontra seus “modelos” caninos?
Viajo para abrigos pelo país com meu estúdio e me instalo no local.
Qual sua parte favorita em ser fotógrafa?
Fotografia é um jeito rápido e fácil de se contar uma história. Gosto de como essa mídia é instantânea.
Você pratica outras formas de arte?
Ultimamente, estou me voltando para a pintura, colagem, escultura e montagem. Estou organizando uma grande exibição em torno da minha série Flower Power e pretendo adicionar outras mídias. Sinto que só a fotografia não é mais suficiente. Mas, quando você tem sucesso com algo, é difícil tentar algo novo. Parece que está começando tudo novamente.
Qual seu conselho para aqueles que pretendem promover a arte de fotografar animais de estimação?
Não somente fotografia de animais de estimação, tudo! Você precisa sempre lutar para melhorar. Se algo te inspira, transforme isso em algo milhões de vezes mais forte. Desenvolva um trabalho que não possa ser ignorado.
Poderia comentar sobre sua série de fotos de Pit Bulls com flores?
Flower Power é uma série de Pit Bulls de abrigos animais usando coroas de flores. Viajo pelo país para capturar esses retratos e contar a história desses cães, alguns têm esperando em abrigos por cinco anos ou mais… A ideia era acabar com o estigma que que esses animais possuem, o que leva a eutanásia de centenas de milhares de cachorros saudáveis e adotáveis todos os anos. A questão do pit bull é bem complicada e controversa. Essas imagens são uma forma de reverter nossa percepção, para que possamos ver quem esses cães realmente são: cachorros, não monstros.
Comoventes, criaturas emocionantes que sofrem abusos inmensos por termos medo deles. As pessoas têm medo de Pit Bulls a tanto tempo, isso marginalizou esses cães, abrindo espaço para abusos terríveis os quais são vítimas. Essa série é um lembrete que todas as formas de vida são especiais e devem ser reconhecidas dessa forma. Os retratos também colocam muitos desses cães em lares, o que é um adicional maravilhoso. Tenho trabalhado há 3 anos agora (quase 400 retratos) e tem sido uma jornada incrível.
Você conquistou muita coisa com seu projeto ‘Wet Dog’, a que atribui o sucesso desse projeto?
Na verdade conquistei muito mais com o Flower Power! Mas o Wet Dogs é o projeto que impulsionou inicialmente minha carreira. Eu era invisível antes daquela série. Fotografei tudo em um dia. Lembro de pensar que tinha potencial, mas não tinha certeza de qual audiência se interessaria por cachorros molhados. Então, mandei as fotos para alguns blogs de arte/fotografia, tudo cresceu repentinamente. A série se tornou viral, recebi prêmios ( incluindo o Sony World Photography Award, Retratos). Isso abriu espaço para o Flower Power, que fotografei alguns meses depois. Também consegui um contrato para um livro. Finalmente, meu trabalho foi visto e comecei a me sustentar com ele. Wet Dogs mudou minha vida.
Penso que as pessoas se conectaram com a humanidade desses retratos que também são hilários. Sempre quis fotografar cães como se fossem humanos. Queria mudar a forma com que nós fotografamos eles, revolucionar esse ramo da fotografia – retratos caninos – que era vista como uma categoria secundária. Parecia que como um tema, os cães não tinham sido desenvolvidos e explorados como poderiam ser.
Você possui animais de estimação? Você teria uma raça favorita de cachorros que usa em seus ensaios?
Cães de abrigos é claro! Adotei um pequeno vira-lata de Porto Rico recentemente. Tenho pouco interesse em raças. Realmente não me importo, porque a personalidade, os olhos, a alma desses pimpolhos é o que realmente importa. Quem se importa com tamanho, pelagem ou pedigree!? Sou time cães de abrigo até o fim. Mesmo em meus trabalhos comerciais, priorizo os modelos que estão em abrigos esperando por adoção. Quero mostrar ao mundo que esses cachorros valem muito e que podem fazer qualquer coisa.
Poderia nos contar sobre seus planos futuros? Está trabalhando em novos projetos?
Estou trabalhando em uma grande exposição sobre o Flower Power. Pit Bulls são banidos em algumas cidades / países o que faz o trabalho de abrigos extremamente difícil, levando a eutanásia de cães perfeitamente saudáveis e que poderiam ser adotados. Com o sucesso de Flower Power, consegui dar uma voz que agora será usada para renovar o diálogo político em relação a esses cães. Também estou trabalhando em um livro sobre a série Flower Power. Tenho outros muitos projetos! Existe muito para ser explorado e apresentado quando se trata de cães e o sistema de proteção animal.